terça-feira, 1 de novembro de 2011

A arte do descontentamento

“Não gosto do dia. Nem da noite. O calor me incomoda. O frio entristece. Chuva, me mata de medo. Da seca fujo eternamente. Não gosto do trabalho. Não consigo abandoná-lo. Quero descanso, não sei parar. Deveria.
Gosto da cidade, com a mesma intensidade que a detesto. Quero viver no campo, mas o tédio me assusta. Ainda ergo um arranha-céu, ou criarei galinhas. Sou amigo do ócio. Ponto.
Se durmo, quero acordar. Quando acordo, pra quê? Na vida, vejo pouco propósito. Mas é tanto tempo. E há muito a se viver. Falta-me paciência. Sobram-me as desculpas.
Fui privado, em algum momento da existência, da dose adequada do elixir da satisfação, da felicidade.
Pra mim, vai tudo mal. Até que fica bem.”
Rodrigo Bressane


Medio tutissimus ibis.

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