sábado, 15 de março de 2014

Cinco lições práticas de como não ser um babaca


Ninguém ainda no mundo atingiu proficiência nesse assunto, mas você será um babaca se não tentar.

Eu bem que tentei pedir aos caridosos editores (...) que me permitissem publicar um powerpoint em vez de escrever esta coluna em prosa; outro formato rejeitado foi escrever numa porta de banheiro e depois fotografar.
Eu gostaria de escrever em bullet points, clicar e arrastar. Com o dedo numa tela sensível ao toque? Bom, não vai acontecer. Então, vai assim mesmo.
1. NÃO LIGUE CASO VOCÊ ESTEJA SENDO UM BABACA. Pode parecer contraproducente, mas funciona com mais chances de sucesso do que você poderia imaginar. A maioria das bobagens que a gente faz é em nome de esconder outras bobagens que a gente já fez. A tolerância é muito mais indicada neste caso. Já que a besteira nasceu, deixe viver. Consertá-la é tão danoso para quem fala quanto explicar uma piada que saiu torta.
3. NÃO SEJA UM BABACA. Você deve ter reparado que subi a terceira lição para a segunda posição. Questão de urgência. Vamos ser práticos: para não ser babaca, o melhor mesmo é evitar ser babaca. Uma analogia mais ou menos correta: se você não quer se molhar, evite colocar a mão em qualquer substância apresentada em enorme quantidade que tenha grandes concentrações da molécula com dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio. Você vai se molhar.
5. TENHA AMIGOS. Esta é a maior de todas. Amigos: tenham amigos. Caras que batam no seu ombro para dizer: rapaz, não. Corri para a última lição porque, de repente, percebi que era a mais importante. Então é isso: tenha um amigo. Não sei a definição dos nossos grandes filólogos para a palavra, mas vivendo percebi que amigo é aquele cara que diz assim: “Você está sendo um grande babaca”. Tenha por perto gente que diga esta frase para você. Se for difícil de lembrar nestes dias de celulares sensíveis ao toque, vou repetir para você poder começar a meter a tesoura aqui: “AMIGO É O CARA QUE DIZ: ‘VOCÊ ESTÁ SENDO UM GRANDE BABACA’”. Peço aos amigos da arte (...) que consigam colocar esta frase dentro de um daqueles quadradinhos pontilhados para que você, leitor, (...) deixe na carteira. Se der para coincidir que na parte de trás (...) ache espaço para escrever “IMPORTANTE!” em letras vermelhas, eu agradeço. A ver.
3. JÁ FOI.
2. DUVIDE DE QUEM DIZ QUE VOCÊ É UM BABACA.
Os bichos mais propensos em acreditar no que os outros dizem sobre ele são o ser humano e o outro ser humano que está do lado dele. Não acredite. Você precisa ter convicção do que está fazendo, não é? Senão, vira bagunça! Duvide dessa turma que fica achando defeito em tudo. Você apareceu pelado na rua, vestido só com um lençol, prevendo o fim do mundo? Normal. Você fez cocô no capô do carro do tio que roubou todo o dinheiro da herança do seu avô? Parabéns. Babaca é a sua mãe. (Retoricamente, não que eu esteja acusando sua avó de ser babaca etc.)
4. SEJA MENOS PRETENSIOSO. Acho que esta é a única regra (este é um presente pra você, leitor incansável). Seja menos pretensioso. Se seus amigos não dizem isso, então você não tem amigos. Nós, infelizmente, somos animais que nascemos sem pedaço. Tem duas coisas que cabem neste espaço vazio: uma é a adulação dos outros, droga que tem uma meia vida menor que a do crack. A outra é o amor. Só o amor. Obrigado, de nada.

Marcelo Zorzanelli
 
 
Medio tutissimus ibis.