Fazer aniversário é sempre legal.
A cada primavera completada tenho por costume, ainda que inato, de fazer o mesmo que no Réveillon: reflexão.
Sempre penso no(s) ano(s) que passou(aram). Tento ponderar o que de ruim, o que de bom, o que de muito ou o que de pouco foi feito. Na maioria das vezes, a conclusão é a mesma: ainda há muito a melhorar!
Talvez a conclusão esteja intimamente ligada com a pergunta de Martin Luther King Jr.: Se você não estiver dando ao mundo o melhor de si, para qual mundo você está se guardando?
O dia é sempre bacana: felicitações generalizadas, desejos, palavras de bênçãos e, claro, presentes!
Nesse ano, o melhor presente veio “tarde”. E não pense você que eu não espero mais presentes. Afinal, só é amanhã às 00h.
Ganhei pela manhã a ótima leitura de um texto sublime do meu grande amigo Marlon (
Porque Insisto em Cristo). Depois de ler, senti ainda mais amor pelo amigo já deveras amado. Palavras que geram esperança e amor.
Também dos amigos queridos do trabalho, ganhei o box da terceira temporada de The Big Bang Theory e o CD d’um dos meus artistas favoritos, Seu Jorge.
A dupla Esposa&Filha me deram uma blusa e uma (já devorada!) Tortuguita.
Mas, o presente melhor estava por vir.
Ao entrar na rua, parar o carro em frente de casa, um senhor negro, de muletas e gesso na perna esquerda, passa fazendo um considerável esforço na suada caminhada. Mais a frente, a gente (eu, Carol e Zoe) o vê “desabar” na calçada. Com certeza na expectativa de recuperar ou reunir forças para continuar o trajeto.
Quem era o homem? Melhor: quem é o homem? Negro, forte, perna quebrada...
Sei que era negro. Sei que era forte. Sei que sua perna esquerda estava quebrada e que ele não “aguentara” a caminhada...
Sei que o coloquei no carro e o deixei em frente a sua casa.
Seu nome? Não sei. Não nos apresentamos. Só sei que ele é pintor e quebrou a perna ao cair da escada; que recebera alta médica ontem e que hoje conseguira marcar a perícia do INSS. Não tive a “astúcia” de me apresentar ou trocar maiores informações.
Ele não mora muito longe da minha casa, mas, talvez, na correria do dia-a-dia, não o veja tão cedo. Pena.
Aquele senhor me deu um belo presente de aniversário: a oportunidade de ajudá-lo; a oportunidade de, quiçá, gerar esperança; a oportunidade de ‘não me guardar para outro mundo’.
Acho que, antes de dormir, em suas preces diárias, ele vai se lembrar de mim. E se isso acontecer, será mais um belo presente.
Ah! A conclusão ainda é a mesma: ainda há muito a melhorar!
Rovan Berto
Medio tutissimus ibis.