segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Sexxxo

“(...) O sexo perde todo o seu poder e magia quando se torna explícito, mecânico, exagerado, quando se torna uma obsessão mecanizada. Fica enfadonho. (...) como é errado não misturar sexo com emoção, magia, fome, desejo, luxúria, caprichos, laços pessoais, relações mais profundas, enfim, coisas que modificam sua cor, seu gosto, seus ritmos e suas intensidades. (...) não sabe o que está perdendo com seu exame microscópico da atividade sexual, ao ponto de excluir aspectos que são o combustível que lhe ateia fogo. Intelectual, imaginativo, romântico emocional. É isso que dá ao sexo sua tessitura surpreendente, suas transformações sutis, seus elementos afrodisíacos. Você está reduzindo seu mundo de sensações, matando-o de fome, drenando seu sangue. Se você alimentar sua vida sexual com todos os excitamentos e aventuras que o amor injeta na sensualidade, será o homem mais potente do mundo. A fonte da potência sexual é a curiosidade, a paixão. (...) 0 sexo não viceja na monotonia. Sem sentimentos, invenções ou surpresas na cama. O sexo deve ser misturado com lágrimas, risos, palavras, promessas, cenas, ciúme, inveja, todos os condimentos do medo, da viagem ao estrangeiro, novas caras, romances, histórias, sonhos, fantasias, música, dança, ópio, vinho”.
Anais Nin


Medio tutissimus ibis.

Objeto do amor

“(...) A única putaria possível, fazemos com quem amamos. A maior pornografia que existe é o amor. Só no amor é possível ficar enlouquecido de tesão com uma mancha estranha nas costas da pessoa, com um pelo solitário que você encontra em algum centímetro de pele escondida, com uma posição que não favorece a barriga, com pés tortos e caretas estranhas. O amor acontece quando você não tem nojo de saborear toda a pessoa sem cerimônias ou limitações. O amor é quando não se pensa no sexo, apenas se faz para não morrer. Amor é sexo não cerebral, um fluxo ignorante que nos liberta completamente. Amar é nunca ter que pedir: ‘perdão, você pode tomar um banho?’ Amar é infinitamente mais sujo, perverso e doentio do que transar com qualquer pessoa suja, perversa e doentia num banheiro de uma balada suja, perversa e doentia. Aquilo que você faz, num lençol branco e limpinho, com a pessoa que você conhece há tantos anos, é muito mais perigoso que uma loucura com um desconhecido qualquer. Essa putaria rolando solta pelas noites afora não passa de desculpa medíocre de gente que sente inveja do amor. O amor é para os verdadeiros aventureiros, corajosos, desbravadores. O sexo selvagem e casual é coisa de menininha.”
Tati Bernardi


Medio tutissimus ibis.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Muros

“Nos últimos anos, só encontrei muros, frios e duros, que tentei escalar.
Mas cada muro que pulava dava em outros muros,
maiores, mais altos, mais largos.
Finalmente, o construtor de muros conseguiu
o intento de quem os constrói: distância.
Um dia, eu parei de escalá-los.
Fiquei do lado de fora e me contentei com isso.
Fui procurar quem constrói portas, cadeiras e pontes.”
William Douglas em, A Última Carta


Medio tutissimus ibis.