quinta-feira, 18 de março de 2010

Energia

O homem sem iniciativa, que tudo espera do acaso, é como o mendigo, que vive de esmolas.
A mais bela coragem é a confiança que devemos ter na capacidade do nosso esforço.
O que sobe por favor deixa sempre um rastro de humilhação.
O caminho está aberto a todos e se uns vencem e alcançam o que almejam não é porque sejam predestinados, senão porque forçaram os obstáculos com arrojo e tenacidade.
Não há arrimo mais firme do que a vontade. O que se fia em si mesmo é como o que viaja com roteiro e provido de farnel e não perde tempo em informar-se do caminho nem em buscar estalagem para comer.
Só há uma sina a que o homem não pode fugir – é o trabalho, ponte lançada sobre o abismo da miséria, no fundo do qual gemem todas as dores, rugem todos os vícios e escabujam em lama todas as vergonhas.
É um passo estreito, por vezes oscilante, mas quem se atira por ele com firmeza de ânimo e olhar alevantado atravessa-o alcançando, no outro lado, a fortuna.
Quem desanima ou se deixa vencer pelo terror fica na pobreza ou rola do alto e, uma vez caído, só com redobrado esforço conseguirá voltar acima, ferindo-se nas arestas dos alcantis, e às vezes trazendo manchas de lama, que é o fundo do precipício.
Aquele que confia em si anda sempre de olhos abertos; o que se entrega a outrem vai como cego e tanto pode ser guiado para o bem como dirigido para o mal.
A fortuna é como o fruto que se não dá senão a quem o vai colher no ramo; esperá-lo debaixo da árvore até que se desprenda do galho é dispor-se a comê-lo podre.
O homem que diz "Eu quero!" é como a ave que se levanta na força das próprias asas, cruzando o espaço como entenda; aquele que diz: "Eu espero..." é como a flecha que só se dirige na direção da pontaria caindo, inerte, desde que cesse o impulso da corda que a disparou.
Só os fracos, os impotentes quedam na resignação, os enérgicos insurgem-se, lutam, dão combate à vida e vencem.
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Coelho Neto
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Medio tutissimus ibis.

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