A aventura de ser pai é inenarrável. Tudo é uma grande descoberta, pra ela e para mim.
Eu sou pai d’um pequeno ser de 2 anos e 10 meses. De nome Zoe, essa pequena me deslumbra a cada dia.
Ontem, em meio as suas artes (com duplo sentido: artes de artístico e artes de travessura) ela caiu e ralou o buço.
Eu não estava perto mas, de longe ouvi o choro. Minha mãe a pegou e ela chorava e chorava e chorava.
Fui ver, ofereci meu colo e prontamente ela aceitou. Chorou e chorou. Eu a peguei e disse: “Calma, filha! Olha pro papai”, ela olhou e eu continuei, “Papai tá aqui! Calma!”. Quase que num ato mágico, o choro cessou.
Ela fungou, eu limpei a lágrima que escorria na bochecha e dei um beijo falando novamente que o “papai estava ali”.
Confiança. Acho que é a palavra certa pra calmaria em meio a tempestade desse pequeno ocorrido.
Estava ralado, saindo um pouquinho de sangue, com certeza estava ardendo e doendo. Mas o choro parou. Ela confiou no que disse. Ela sabia que o pai dela estava ali.
Lembrei de JotaCê quando pergunta “se a Zoe pedir pão, você a enganaria com serragem? Se pedir peixe, iria assustá-la com uma cobra viva servida na bandeja? Mau como é, você não pensaria em algo assim, pois se porta com decência, pelo menos com sua filha. Não acha, então, que o Deus que o criou com amor fará ainda melhor?”.
É confiança mesmo. É confiar que o Pai vai estar fazendo melhor. Num pequeno ralado que arde ou numa dor deveras maior.
Ela confiou em meio a dor. Talvez o colo e a segurança que eu oferecia faziam com que a dor não fosse tão grande. E, às vezes, quiçá é só ficar em silêncio e ouvir o Pai falar, “calma, Papai está aqui!”. A dor ou a ardência podem continuar, mas o colo, a segurança e a voz do Pai trazem a confiança e a percepção de que a dor não é tão grande quanto parece.
Medio tutissimus ibis.
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